Guerra, que desde sua infância teve interesse em pintura clássica e nos métodos tradicionais da profissão - métodos que deram aos pintores do passado a habilidade de transformar tinta em imagens tridimensionais em superfícies planas, estudou a metodologia acadêmica na Florence Academy of Art. O currículo da FAA, uma moderna adaptação da filosofia acadêmica, abriu as portas para Guerra explorar o mundo dos materiais e métodos tradicionais. Estes métodos incluem alguns pontos nem sempre óbvios para aqueles não familiarizados com Arte Clássica, como Anatomia, o nu acadêmico, o processo de fazer sua própria tinta, preparação de telas e painéis, teoria das cores vs. pigmentos, e noções como croma, tonalidade e valores tonais.
Uma boa maneira para o artista de garantir uma boa qualidade das tintas usadas nas obras de arte, e também ter um melhor controle sobre a mesma, considerando a relação entre óleos e pigmentos, é fazer sua própria tinta. Ou, melhor dizendo, moer e ligar o pigmento ao óleo, transformando a combinação em tinta. A relação entre a quantidade de óleo e pigmento pode afetar a consistência da tinta, como também sua coloração e como ela mistura outras tintas. Às vezes os tubos de tinta comprados já prontos contém agentes vinculantes, com função de evitar a separação dos pigmentos e óleos, o que pode também afetar a qualidade desejada para a tinta. Por essas razões, a melhor forma de controlar a consistência e coloração das tintas é fazê-las você mesmo.
Guerra usa pigmentos de boa qualidade, importados de diferentes países, incluindo Vermillion original, amarelo de Nápoles, branco de chumbo e outros, para muitas de suas tintas.
Uma outra maneira de assegurar a boa qualidade do material usado nas obras de arte é montar e preparar suas próprias telas e painéis. Apesar de ser possível encontrar desses materiais de boa qualidade no mercado, Guerra por vezes prepara seus próprios, esticando telas de linho cru em barras, protegendo-as com cola de pele de coelho, pondo uma camada de gesso ou uma preparação à óleo e selando com uma imprimatura ou verniz à base de óleo. Depois deste processo, a tela está pronta para receber tinta. Do mesmo modo alguns dos painéis que Guerra usa para pinturas ao ar livre são também preparados por ele mesmo, com tábuas de madeira e camadas de gesso ou verniz.
Desde o início da representação artística, a figura humana representada desperta interesse e admiração em observadores, principalmente devido à fácil identificação e correlação com o tema. Sendo um dos principais temas na Arte através da História, é um dos principais tópicos em academias de arte tradicionais.
Para pintores clássicos e realistas, o conhecimento da anatomia humana possibilita representar a figura em alto grau de realismo, com precisão nas formas naturais, mostrando a beleza do ser humano sem abstrações ou invenções que podem por fim ofuscar as verdadeiras formas e funções do corpo humano. Artistas como ilustradores, pintores e escultores, estudam anatomia para melhor entender as formas e estruturas da figura humana como elas são na realidade.
O nu é usado no meio acadêmico como uma forma de estudar e entender anatomia e forma, e também contribui para o estudo dos valores de sombra e luz, como também das texturas e cores da pele humana.
Por essas razões, nas Academias e Escolas de Belas Artes, o modelo vivo é fundamental para o aprendizado, não somente na forma do Nu. Usando da figura viva, também em retratos e obras figurativas, o artista pode estudar os aspectos fisionômicos de maneira clara e precisa, entendendo a verdadeira estrutura anatômica dos diferentes biotipos mais fácil e rapidamente. Com modelos vivos, o artista pode ver em três dimensões aquilo que havia estudado em imagens e gravuras, o que o possibilita uma melhor visualização e entendimento das estruturas anatômicas.
Com o conhecimento adquirido com estudos de anatomia e o Nu, torna-se possível representar a figura humana com precisão em composições complexas. Exemplos abaixo:
Para quem deseja trabalhar "from life", e manter os corretos tamanhos e proporções vistos na natureza, o melhor método a ser usado é o Sigh-Size. Como o nome sugere, significa desenhar/pintar/esculpir do mesmo tamanho que se vê o objeto a ser desenhado/pintado/esculpido. Não significa desenhar do tamanho real, mas do tamanho em que se vê. E este método treina o olho para ver, medir e comparar com grande precisão, linhas, formas abstratas e valores.
"A idéia básica na qual este método depende é configurar uma relação específica entre você, o desenho e o objeto. A relação necessária para que o método funcione é uma onde você está posicionado de modo que você possa facilmente visualizar o objeto e o desenho de forma que estes pareçam visualmente ter o mesmo tamanho. Uma vez que o objeto e o desenho são vistos como sendo do mesmo tamanho, torna-se possível medir mecanicamente e comparar as proporções do objeto com o desenho e julgar a precisão do desenho. Utilizando o método ao longo do tempo treina o olho para perceber cada vez mais pequenos erros de forma entre o objeto e o desenho e aumenta a capacidade do artista de criar um desenho realista e preciso."*
Dependendo do tema, por exemplo, natureza morta ou retrato, isso significaria que os objetos na tela são basicamente do mesmo tamanho que os objetos reais. Se você está vendo algo à distância, se estiver pintando uma paisagem ou deseja alterar os tamanhos das figuras para uma composição complexa, isso significaria que você posicionaria você mesmo e a tela longe dos objetos a serem pintados, de forma a mudar sua perspectiva dos objetos, e visualmente encaixá-los em sua tela, podendo comparar os tamanhos e aplicar em sua tela.
"Dentro do estúdio, se você estiver desenhando um modelo, a posição do modelo será fixa, mas seu desenho e sua posição serão móveis. Para que o modelo caiba no seu papel, você se afasta do mesmo para que visualmente seu tamanho fique menor. Além disso, a distância entre você e o cavalete pode variar para alterar o tamanho do desenho correspondente ao modelo. Se o cavalete é movido mais perto do modelo, o tamanho do desenho se aproximaria do tamanho real do modelo."*
*Extraído do blog do Ben Rathbone.
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Se você deseja saber mais sobre o método de "Sight-Size", você pode visitar o site do Darren R. Rousar ou ler este artigo da Swedish Academy of Realist Art, que contém muitas imagens para uma melhor visualização do método.